quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Relativo fragmentado

Eu o conheci enquanto tentava mudar o mundo.
Ele tinha duas ou tres piadas sarcasticas, medo de abraços e uma espada de fogo que eu nao via.

Quando acordei hoje, tive uma vontade estranha de que ele estivesse comigo,
deitado em diagonal na cama e ouvindo alguma musica em ingles.

Um tempo atras...
Eu saltitava, ria alto, falava sozinha e tinha um brilho bonito nos olhos.
Nesse tempo ele andava muito rapido.

Ha um mes atras
quando ele me procurou
matei uma coisa bonita...
talvez o brilho nos olhos.
(Nos meus ou nos dele?)

Ele sabia coisas sobre os astros, sobre magos e sobre desenhos japoneses.
Eu sabia uns poemas de cor.

Naquele tempo (e ainda hoje) ele nao gostava dos poemas que eu sabia
E eu fingia nao perceber
que o que ele sabia mesmo era enrolar bem sobre qualquer assunto.


Eu não sabia
Quando eu o conheci
ha alguns anos
que hoje
anos depois
ele ainda estaria em minha vida.

Mas meses depois
(de o conhecer)
quando o coloquei em minha vida
Não podia imaginar que
meses atras
( de hoje)
seria eu a pedir que ele fosse embora.

Chorei um pouco
(antes e agora)

E a verdade é que mesmo não querendo que ele fosse
Não podia pedir pra que ficasse
aqui.

Eu ainda rio alto e faço graça e conto muitas vezes a mesma coisa
mas não gosto que ele fique em diagonal na cama
a nao ser quando ele nao está aqui.

Eu amava as historias que ele contava
antes de cada fim.

Porque mesmo antes de mim
ele ja tinha
tudo aquilo que me fez ama-lo um dia

Mas no meio tempo
que foi o fim do nosso tempo
ele matou seus personagens
pra guardar sua verdade
dessa minha ignorancia
de ser tao fantasiosa.


Ha um mes atras
quando ele me procurou
eu não o tinha perdoado
por ter me deixado saber
como é que se causa dor.

E todos dizem ser desumano
as vezes que falo de amor
pra ele.
Mesmo sendo a falta de amor
a ultima coisa que eu disse
quando ele foi embora
meses atras
andando muito rapido.

Sorri um pouco

(antes do choro)

Mas hoje eu acordei com uma vontade estranha
de que ele estivesse comigo
deitado em diagonal na cama
ouvindo uma musica em ingles...

e percebi que tinha sonhado
com o tempo em que queria mudar o mundo...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Relativo acompanhado

Festa?
O que dizer...
O gato comeu minha lingua...
mas não essa noite.
Que estava ocupado me ocupando a atenção
Enquanto vigiava ciumento
um pedaço de carne no espeto.
Que ele trouxe pra compartilhar a fome
mas levou pra devorar sozinho
em casa.
Dieta especifica e egoísta.
Rejeitou os doces e os caminhos fáceis
Quem diria o lobo mau dispensando a chapeuzinho
em meio a histeria coletiva da cidade.
Vai embora cedo pra aproveitar a noite
e de barriga cheia
sonhar com o fim da sobriedade.
Ao amanhecer meu telefone mia
e como diria o velho deitado:
Foi a curiosidade que matou o gato.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Relativos experimental

Abro os olhos...
Desperto de volta ao lar
Espreguiço no colchão, sem cama.
Ao toque oco de seus pés na madeira
contando os passos ate o banheiro.
Cena
Nunca chegam aos 19.
Sorrio.
Pela historia nossa contada em mil historias de outros.
Seus dedos descrevem perfis alheios.
Os tomo para mim.
Me visto de seus personagens.
Trazendo minha real.idade a essa ficção.
Se te vejo criador, me sinto sopro da vida.
Acordo já em nosso palco.
Iluminação perfeita...
as luzes do dia fazem desenhos no teto.
Poesia das paredes deste reino.
Alimento-me de interpretar o que já sou
e só você vê e me mostra.
Me mostro pra você.
que usa minha pele pra escrever
aonde não alcanço
as paredes sussurram os personagens que interpreta
e que desconheço
mas que reconheço
pelo desenho solar no fundo dos olhos.

sábado, 6 de novembro de 2010

Relativo a omenino

Ele se foi.
Ontem omenino se foi.
Vai jogar bola...empinar pipa...
brincar...
com outras meninas
de saia-rodada
de cabelo solto ao vento.

Omenino foi desenterrar um tesouro
que nao lhe cabe.
Mas se atreve a correr na rua da infancia
ainda presente
e ter como presente
o mundo inteiro.

Ontem omenino partiu em sua jornada
deixou nos meus braços o cão
e no coração
o "vem morar comigo".
O homem que é meu
omenino levou pensando em voltar.
E na janela o cata-vento é violento.

Dos meus fragmentos de amor
o doce foi o que ficou
no peito aberto do poeta.
o fogo pegou a casa do palhaço
e o que guardo agora
é o corpo que o abriga.

Mas omenino é de estrada.
Nao tem medo...
Nao tem casa...
E por isso o terceiro
e mais implacavel
dessa ligação.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Relativo Contra-Ataque

Ele escreve/ desenha/ compoe e as vezes se atreve a super heroi...
Sem querer
Ele não gosta de herois.
Ele gosta de mim...
que nao gosto de herois
Por isso que escreve, desenha e as vezes compoe
pra mim....
como sendo um bom vilão.
Mas ele parece mais um justiceiro.
E disso eu gosto.
Mas ele nao percebe que era assim
mesmo antes de ele dizer que era.

Ele me apresentou a Aleister Crowley/ Marty McFly e Hank Moody
Ele não gosta de Caetano.
Ele me cantava "Leaozinho"...do Caetano
Mas acho que nao vai mais cantar.
Porque eu disse que gosto.
E ele teme que eu goste de qualquer coisa
que nao venha dele.

Ele nao faz as coisas que eu peço
porque só assim é mais forte do que eu.
E tambem porque sabe que eu nao aguento ouvir um nao
E é um prazer todo dele
me dizer nao
e ter alguma coisa que desejo.
Pra que talvez eu saiba como ele se sente.

Ele tem mania de querer bem
a todo mundo.
Eu tenho mania de achar
isso errado.
Ele diz que tambem acha.
Mas continua assim.

Ele vai me levar a Paris
num futuro talvez muito distante.
Porque eu detesto essa mania ele tem
de se apegar aos detalhes
ate mesmo das palavras sem sentido.

Uma vez ele disse que me amava.
E continuou dizendo
ate eu nao dizer mais.

Ele falava tanto que nao falei mais sozinha.
E estavamos sempre a sós quando dizia
que seria mais facil se eu voltasse.

Eu nao gosto que ele seja assim tao diferente
sem mim
E elas (que estao com ele quando nao estou)
Não devem gostar
de mim.

Principalmente por ele ser
assim, conveniente
de dizer tambem que ama
mesmo quando ja nem sente
falta.

E eu achando graça de saber
do que se passa
com ele
sem mim.
Enquanto ele faz graça
e tenta
chamar a atençao dos versos
que eram meus
pra elas
que nao eu
Pra ver
se assim volto mais depressa.

Já que entendeu o que não é substituivel.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Relativo a nós dois

(ela entra sem bater na porta)


-Ainda dormindo?
-Voce sempre chega tão de surpresa que já nem me assusta.
-Ah, agora até o meu inusitado é previsivel?
-Acontece, quando se conhece bem alguem.
-E voce acha que me conhece?
-Melhor do que voce.
-Voce nao sabe como eu funciono.
-Sei sim, posso prever cada movimento.
-Não todos.
-Todos. Até mesmo os que me machucam.

(Ela ri sem graça)

-Fecha a porta.
-Porque?
-Porque voce já esta aqui. Não preciso me preocupar com a porta no caso de voce chegar.
-Você fica esperando por mim?
-Sempre.
-Como sabe que virei?
-Não sei, mas se vier vai conseguir entrar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Relativo a Alice

Não me dou a coelhos.
E  não me culpo.
Sou do tipo de pessoa que não senta só embaixo de uma árvore.
Que não dorme enquanto le um livro... muito menos ouvindo musica.
Quero sempre acompanhar a letra, não me rendo ao sono.
Nunca se sabe quando se pode cair em um buraco.
Sou curiosa sim, e me orgulho disso.
Nunca me arrependo de saber o que sei, porque ainda respeito
meus limites de compreensão.
Nunca me meto a saber o que não aguento.
A nao ser pelo prazer de tentar
apesar da nao-intencao de conseguir.
Descobrir qualquer coisa é sempre um mal irreversível
Porque implica em desejar a ignorancia
sem sucesso.
Pra isso é necessario arte, um vinho barato e um pouco de cinismo.
Recomenda-se sempre tomar a pilula azul.
Convenço a mim mesma de fingir o que é real
porque assim eu me sinto menos crua,
pena que não menos distorcida.
So me firo no susto,
assim o impulso permanece vivo.
Adoro qualquer tipo de misterio
E brinco que procuro o que é sincero
quando amo tudo que é fantasioso
Mesmo sem respostas diretas
pego sempre a esquerda.
Porque a ideia original nunca é chegar
e sim, experimentar o caminho.
45° graus ao sol e travesseiro
nao é preciso formulas para crescer.
Um espelho e processo revertido
Sem sucos ou cogumelos
Mais ainda a fumaça alucinante de uma cidade atordoada e insana.
Não estou reclamando...
Também sou filha desse caos.
Me adapto a desordem e ate gosto
pregando a mim mesma o desafio
de continuar.
Então mantenho minha cabeça no lugar
e longe de cartas de baralho
Porque o que tenho nao é uma historia infantil
nem dá espaço a outras interpretações.