quinta-feira, 1 de julho de 2010

Relativo ao meu cliche adolescente e confusas cartinhas de amor

.11:57
Bom Dia,
Em alguns minutos será tarde... Mal terei começado a escrever e será tarde.
Ser tarde me lembra um tempo em não podia ter a manha... ou a noite amanhecida.
Pronto. É tarde agora.
Boa Tarde,
A tarde avança... e penso que a noite guarda sempre um bom começo. Mas que não precisa acabar no dia seguinte com uma nova noite e nem de manha com o nascer do Sol. O Sol nasce sempre muito cedo.
Mas agora é tarde. E a manha que passou e que eu não vi e a noite que vira e ninguém viu não é mais que a moldura desse quadro.De Sol alto e vento gelado do pós meio-dia.
Hoje de manha acordei com uma vontade imensa de fazer as malas. Só por fazer e depois desfazer tudo. Talvez so pra passar de novo pelo processo de certeza, possibilidade, duvida e total descrença da necessidade de começar tudo de novo.
A pior parte de recomeçar é insistir sem fé. Guardar as coisas, empacotá-las... Parece prever o que você vai precisar, o que pretende usar nesse próximo futuro. O que você guarda é sempre quem você guarda. Quem precisa levar consigo.
Eu sempre fui uma adoradora de boas lembranças. Você me pregou o desapego. Hoje quando lembro da minha historia, lembro apenas de uma historia, sem muito sentimento. Lembro dos momentos que pensei serem os piores momentos e que não foram. Passaram e hoje não trazem significado algum. Talvez um pouco de tristeza, talvez por terem existido.
Quando tento me lembrar de mim e do caminho. Tento lembrar apenas do que me deixou feliz. Percebi recentemente que as melhores coisas, minhas melhores memórias eu guardo so pra mim. Como se ao dividi-las elas se tornassem menos minhas. Fiquei feliz em conseguir me livrar de algumas coisas antigas. Joguei fora pilhas e pilhas de cadernos que achei que morreriam comigo.
Hoje quando levantei, decidi dar um banho na Lua, limpar nossas coisinhas, abrir nossas cartas.
Agora são 13:09... acho que penso e falo mais do que escrevo. O que me leva agora a pensar se estou escrevendo pra você ou pra mim.
Esses dias vi um filme muito bonito que queria ver a muito tempo. Nesse filme tem um frase que eu gostei muito, não entendi o que queria dizer mas gostei mesmo assim.
“Os homens vêem a vida numa caixa, as mulheres vêem numa sala redonda.”
Desculpe, estou aqui há mais de uma hora, sentada e com frio escrevendo coisas aleatórias. As vezes tenho a impressão que é isto que você quer, que eu diga tudo que se passe em minha cabeça.
Estou meio dormente.
Ontem chorei bastante. Hoje ainda não. Acho que não vai acontecer. Não hoje. Hoje estou um tanto dormente.
Acabei de chorar. Achei que não ia chorar hoje. Li um email que te mandei é bem antigo. Fiquei feliz. Chorei feliz, sabe.
Já assisti algumas varias vezes ás fotos que você me mandou.  Ficaram lindas... Tem uma que você parece segurar um coração.
Li sua carta... Era pra ser uma resposta. Mas minha cabeça ta a mil e isto são so pensamentos soltos.
Acho que eu queria era viajar. Pra algum lugar longe, novo. Ou me mudar. Pra outra cidade. Eu, minha mãe, meu irmão. Coisa de família sabe. Ai eu arrumava um emprego, ajudava em casa. Fazia algum cursinho, preocupações com a faculdade. Escolhia um curso legal.  Adotava um cachorro. Novos ares.
Acho que você também... ia ser bom voltar ao que era... digo, antes de eu bagunçar a sua vida.
Mas eu não quero ir pra lugar nenhum sem você. So que também quero que você seja feliz. E seria muito bom se fosse comigo.
(Ok, longo silencio)
To tentando achar um jeito de dizer que aceito uma coisa que eu não quero.
Temos muito um do outro as vezes, e as vezes muito pouco.
Deve ser coisa outro mundo,  do meu e do seu... queria que so houvesse o nosso.
Mas confio em você, talvez não jeito que você enxergue confiança, mas do meu jeito, que deve ser todo torto e improvisado como eu, eu confio. E sei que as coisas vão ficar bem. Um dia, tem sempre hora e lugar pra tudo. Acho qe vc sabe melhor as horas e os lugares do que eu.
Seja do jeito que for agora... espero que seja doce...
Mil Beijos, Te Amo
14:14   

Um comentário:

  1. Esse post me fez lembrar de um poema de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)...
    Gosto de tudo aqui Gui, é sempre um prazer entrar na "sua casa"...

    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.
    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.

    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.

    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.

    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

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